14 junho 2007

O Jantar

Particularmente a noite daquela quarta-feira estava muito fria. Sentia o vento pela fresta da janela cortar-me a pele. Talvez pelo fato de ter emagrecido uns 20 quilos eu esteja reclamando tanto. Olhem só! Cecília andava reclamando do meu excesso de peso, agora não há com o quê ela implicar.
Já passava das dezoito horas e senti um aroma delicioso vindo da cozinha. Graças, Dona Sara e sua sopa! Inevitavelmente quando estamos doentes somos obrigados a comer e beber coisas estranhas e insossas. Mas, para meu agrado, a sopa simples de macarrão com batatas de minha mãe é imbatível. Deliciosa.
Estava acompanhado de Lucas, meu filho mais velho. Formou-se em Administração ano passado e estava procurando por emprego há meses. Por uma brincadeira estúpida do destino, se é que ele existe, conseguiu uma vaga no escritório de um amigo de papai. Durante aquele longo inverno estaria trabalhando perto de mim. Conversávamos exatamente sobre o que ele faria quando tudo terminasse. Ele voltaria para casa com Cecília ou ficaria com a avó? Lucas sabiamente respondeu-me que o tempo mostraria o que fazer. Calei-me.
Cecília apareceu e era como se o sol entrasse naquele quarto. Linda. “Hora do remédio” disse-me docemente. Nos conhecemos numa situação estranhíssima: um engarrafamento. Eu voltava do trabalho e ela ia para a faculdade. Nessa tarde eu não vi futebol pela tv e ela perdeu um seminário sobre ciência política; terminamos a noite tomando vinho tinto e comendo pizza.
Marcelo e Beatriz não estavam em casa quando mamãe terminou o jantar. Filhos... Resolvi ir até a cozinha para comer à mesa. Mesmo todos reprovando minha ida até lá por estar frio, e blá blá blá... Por que o moribundo não pode tomar alguma decisão de vez em quando só para variar?
E não é que na hora em que começávamos a jantar os meninos apareceram? Marcelo está cursando Direito e Beatriz ainda não resolveu o que fazer da vida. Sempre mimada essa minha filha. Culpa minha.
Foi divertido. Pude olhar bem para cada um de meus amados. Os olhos verdes de minha mãe estavam mais vivos e pude perceber que meus filhos estavam ali comigo! Isso já fazia uma grande diferença. O perfume de Cecília.
Até brinde com água eu fiz!
“Que tudo seja eterno enquanto tivermos amor dentro de nós”

Um comentário:

Anônimo disse...

Como assim????????